quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Enxerto poético de Cantatéis Cantos Elegíacos de Amizade






Seu poeta preferido,
Bem antes de ser ferido
Já era ferido
Antes.
Não visitou as bacantes, as nereidas e as ninfas.
Quis beber de sua linfa
Esperou…
E não morreu.
Esse poeta sou eu.
De lira desgovernada,
Delírio, musa, amada.
Órfão bisneto de Orfeu.
Eu pra cantar não vacilo,
Digo isso, digo aquilo,
Digo tudo que se disse,
Digo Veneza,
Recife.
Fortaleza que se abre,
Quero que o mundo se acabe
Se não disser o que sinto;
Digo a verdade,
Minto…
Vertente me arrebata,
Minha voz é serenata,
Labareda e labirinto.

A pena de uma galinha;
Trinta caroços de pinha,
Doce delírio de Vate,
Um colírio, um tomate,
Um cartucho de espingarda,
O sangue da onça parda,
É tudo que trago e tenho.

Nada tinha de onde venho
Lenho o que arde sozinho
Beba comigo do vinho;
Da arte do meu engenho.

(Chico César)

-NO PALCO-

Nenhum comentário: