quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Considerações acerca do que foi, do que é, e...do Carnaval que nunca vai mudar.



No Brasil (graças a deus), se aproximam as festividades de Momo. Ora é justamente em tão abençoada época que os ânimos entram em ebulição, contam-se nos dedos os jovens que não manifestam um empenho como que extracorpóreo em se misturar a turba hílare que pulula. Quanto aqueles, cujo acumulo dos dias não permite acompanhar a efervescência juvenil, dão vivas a saudade do seu tempo de viço momesco. Com exceção de alguns credos (que encerram em si suas próprias práticas carnavalescas) todo o país se mobiliza em função do tão amado carnaval. Mas deixemos um pouco de lado o carnaval, que foi lembrado aqui, apenas para nunca ser esquecido. Pois bem, avaliemos a questão das instabilidades sociais no Brasil e a respectiva reação da juventude (o que seria como mudar o rumo da conversa de cúelhos* para bigodes de índio) e tracemos um paralelo entre essa questão e os recentes acontecimentos em países do Oriente. As manifestações que ora se sucedem nesses países, o Brasil já as viveu.

A questão que desejo edificar aqui (e para tanto não me abstenho de dar o devido desconto as possíveis falhas de analogia, ao comparar uma manifestação cultural a um movimento de insatisfação social) é: Porque a juventude brasileira, outrora tão combativa, está em apatia em relação aos acontecimentos políticos e econômicos que permeiam seu presente, e que terão sérias conseqüências em seu futuro? Faço esse questionamento, não na intenção de elitizar a parcela da mocidade que de fato ainda guarda a consciência de causa e efeito dos atos estatais, principalmente no que tange a juventude, muito menos na querência de diminuir aqueles que por direito não manifestam interesse por tão pouco convidativos capítulos de nossa recente historia. Questiono sim, em meio a devaneios de pretensiosas pretensões, para entender porque em países do Oriente cuja tradição de opressão data dos tempos de antanho, a parcela jovem da população, principalmente os estudantes universitários, está de forma efetiva a abalar os alicerces dos sustentáculos das abstrações do poder que oprimem seu povo, mesmo sendo os combatentes nascidos e educados em um ambiente, onde a simples contestação causa as mais terríveis conseqüências, estes estão oferecendo o peito e a alma em prol de um único ideal: Democracia. Por que então, em um país como o nosso que conquistou com sangue suor e lágrimas suas liberdades democráticas, a indiferença corrói nossos jovens quando o assunto é a realidade presente e futura do sistema político-econômico do país?

É certo que aqui não tento comparar os países do Oriente cujo fato democrático a muito é tido como utópico, com o nosso, que goza de uma democracia já um tanto quanto madura, e de sólido alicerce. Não é essa a idéia, é antes sim, fomentar a dúvida do motivo pelo qual no Brasil multidões juvenis em euforia só se encontram unidas em prol de uma crescente cultura de utilidade e gosto duvidáveis ( não me refiro ao carnaval, deus me livre!! ) e aqui faço juízo de valor. Tomei de modelo no início do texto o carnaval como ilustração e não como exemplo de inutilidade jamais me referiria a tão portentosa manifestação da cultura de um povo como inútil. Refiro-me a uma cultura de massa e fugaz, que é capaz de mobilizar multidões e nutrir um comercio bastante lucrativo que não sustenta outra intenção, que não alienar mais e mais para lucrar mais e mais.

Cada geração tem suas manifestações, compreende-se então, que essa geração reflete os movimentos evolutivos da sociedade, por esse motivo, não é “boa” nem “má”, é apenas reflexo da sociedade globalizada (no caso da geração atual) e como tal é manifestação histórica de um mundo guiado pela lógica do capital. Concluo que os tempos idos de luta no Brasil refletiram também um momento histórico, e que este, não deve ser lembrado com nostalgia somente pelo fato da nova geração não estar afinada com aquela. A juventude de hoje é a juventude do Brasil, assim como aquela prole aguerrida de outrora também o era, nada além do momento histórico as separa. Não há porque se diminuir uma pela grandeza da outra ou acrescentar aquela o que falha nessa, há sim, que se viver o tempo histórico e deixar que a própria historia faça “justiça” no porvir ( e fará (já está fazendo) ). E por falar em tempo lembro-me que é tempo de carnaval, portanto não há tempo pra mais nada. Com licença!!

Wagner (Mopho)

-NO PALCO-

*Pêlos da região do períneo

Um comentário:

Daniel Andrade disse...

Senti falta de vc no em outro blog aí kkkkkkkkkkkkk
bela crítica a massificada cultura resetada que a juventude colorida tanto se deleita em abraçar.