sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PEDAÇOS

PEDAÇOS




cortei

o

adeus

em

vários

pe

da

ço

s

mas

não

consegui

me

desfazer

dele

me

desfiz

de

mim.

Ane Montarroyos

-NO PALCO-

Álcool




Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraiso? ...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
E só de mim que ando delirante-
Manhã tão forte que me anoiteceu.

-NO PALCO-

Pablo Neruda


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

- NO PALCO-

quarta-feira, 25 de agosto de 2010


Oh Capitão! Meu Capitão!





Oh capitão! Meu capitão! nossa viagem medonha terminou;
O barco venceu todas as tormentas, o prêmio que perseguimos foi ganho;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo todo exulta,
Enquanto seguem com o olhar a quilha firme, o barco raivoso e audaz:


Mas oh coração! coração! coração!
Oh gotas sangrentas de vermelho,
No tombadilho onde jaz meu capitão,
Caído, frio, morto.


Oh capitão! Meu capitão! erga-se e ouça os sinos;
Levante-se - por você a bandeira dança - por você tocam os clarins;
Por você buquês e fitas em grinaldas - por você a multidão na praia;
Por você eles clamam, a reverente multidão de faces ansiosas:


Aqui capitão! pai querido!
Este braço sob sua cabeça;
É algum sonho que no tombadilho
Você esteja caído, frio e morto.


Meu capitão não responde, seus lábios estão pálidos e silenciosos
Meu pai não sente meu braço, ele não tem pulsação ou vontade;
O barco está ancorado com segurança e inteiro, sua viagem finda, acabada;
De uma horrível travessia o vitorioso barco retorna com o almejado prêmio:


Exulta, oh praia, e toquem, oh sinos!
Mas eu com passos desolados,
Ando pelo tombadilho onde jaz meu capitão,
caído, frio, morto.

Um poema de Walt Whitman (1819-1892)-NO PALCO -

domingo, 22 de agosto de 2010

III

Abandono aqui minhas intenções etílicas.
O mundo das ilusões me regurgitou
Saturou-se de minha dose diária de realidade
A macular sua pureza

Malgrado meu perdi as graças
De Baco e hoje triturado
Sou dejeto de um mundo
Que não quis-me-se.

Wagner(Mopho)

-NO PALCO-

convite!


Blog na finalíssima da 5ª Recitata

Gratos pela presença daqueles que admiram o trabalho desenvolvido pelo poeta D.Everson, o blog, vem convidar toda comunidade marciana para apoiar nosso poeta interplanetário na finalíssima da 5ª Recitata dia 29 na Torre Malakoff (Bairro do Recife). Dês de já agradecemos a presença de todos.

Leia o poema recitado:

Canto do excluído


Ai de mim! Pobre de mim! Bendito de mim!

Que como lixo, mas que não abro mão de jogar no bicho.
não tenho nada, mas o que me dão desperdiço.
Uma hora sou santo, e na outra um maldito.

Ai de mim! Pobre de mim! Bendito de mim!

sempre falo em Deus, mas não esqueço o diabo.
sei dos males do câncer, mas não apago o cigarro.
tenho calos nos dedos, mas não arranjo um trabalho.

Ai de mim! Pobre de mim! Bendito de mim!

Passo o dia no trânsito, de equilibrista do tráfego.
Até o evangelho me negam , porque o dízimo não pago!
preso não posso ser, o Anibal tá superlotado...

Ai de mim! Pobre de mim! Bendito de mim!

Só serei mesmo enxergado pelo vagabundo drogado
que pede sua esmola no dia-a-dia agitado como
o homem preto caído morto no Treze de maio.

D.Everson
Recife 18 08 2010

-NO PALCO-

sábado, 21 de agosto de 2010 XXI cantico a sauva . . .ou. . . ( y por falar em sardade) -Á Raul Seixas) (Poeta Maior y Amado Mestre)



SAUVA MESTRE SE!XAS
SAUVA, SAUVA DOM RAULZ!TO
NESTE CANT!CO EM MEMOR!A
VENHO RELEMBRAR A TUA ESTOR!A
DE UMA FORMA 1 TANTO SUT!L
P/ OS Q GUARDAM NA MEMOR!A
A LEMBRANÇA DA TUA TRAGETOR!A
Y 1 POUCO DO SEGREDO DO TEU
UN!VERSO EU DE!XO NAS BRECHAS
DA L!NHA DA POES!A, P/ OS Q
A!NDA NAO O CONHECE TANTO
ASS!M PO!S SE! Q PASSANDO-SE 21,
MU!TOS A!NDA PREC!SAM DE T! . . .

21 SE FAZEM
NESTA DATA DE SABADO HOJE
DO SECULO XXI, Q QUEM
CANTOU, COM DOR, AMOR Y RANCOR
OUTRAS TANTAS, AV!ZOU, RECLAMOU
OU APENAS CANTOU POR CANTAR SE FO! . . .

PART!U Y SE DESPED!U ANTES DA V!RADA
D'M SECULO DENTRO DA PANELA,
MA!S COM AMOR Y COM VERDADE
COM SENT!MENTO SAUDADE, COM CERTEZA
1 ABRAÇO Y ATE OUTRA VEZ NUS DE!XOU . . .

CANTARE! A SAUVA A VC RAUL SE!XAS
VC Q FORA 1 DOS POUCOS
Q ME ENS!NOU :
A " VER A BELEZA
NA S!MPLICIDADE" . . .
Q "NUNCA SE VENCE UMA GUERRA
LUTANDO SOZINHO" . . .
Q "TODO HOMEM & TODA MULHER
É UMA ESTRELA" . . .
Q "OS HOMENS PASSAM
MAS AS MÚSICAS FICAM" . . .
Y "ANTES DE LER O L!VRO
QUE O GURU LHE DEU,
VOCE TEM QUE ESCREVER O SEU" . . .

SAO POR ESTAS Y POR OUTRAS
Q EM NENHUMA ESCOLA
EU APREND! TANTO QUANTO
DO MU!TO Y DO POUCO COMO
NA ESCOLA DA V!DA ATRAVEZ
DA S!NCER!DADE DA OBRA TUA .

-AMADO MESTRE
SAUVA , SAUVA
SAUVA RAUL !!!

-c.p.b.p.jr: ( POETA-MATUTO-MARG!NAL !!! )

-NO PALCO-
XXI/VIII/MMX

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Rui Barbosa-Política e politicalha

A política afina o espírito humano, educa os povos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida de que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente.A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.
A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou um conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.
Rui Barbosa.
Trechos escolhidos de Rui Barbosa.Edições de Ouro: Rio de Janeiro, 1964.

-NO PALCO-

II

Pegue-se a verdade,
Afii-se a extremidade com
A navalha da sinceridade
Ponha-se na bainha do bom senço
E toda carne ferida
Seja tratada com o unguento
Da consciência tranquila.

Wagner(Mopho)

-NO PALCO-

poema meu p/ as portas

AS PORTAS SE ABREM
AS PORTAS SE F!CHAM
Y POR ELAS PASSAMOS
NUS EM MULT!DAO. . .

SE ABRE
QUANDO SE BATE
OU S!MPLESMENTE
G!RA-SE O TR!NCO. . .

SE FE!CHAM
QUANDO SE TRAVAM
OU QUANDO
O ACESSO
NAO CONCEGUEM PERM!SSAO. . .

A PORTA
E UMA METAFORA
Q SE CHAMAM
POR V!DA
V!DA Q MU!TOS NAO CONCEGUEM VER OU CONCEBER. . .

-c.p.b.p.jr:(POETA-MATUTO-MARG!NAL !!!)
VII-VIII-MMX
Postado por "V!VAPOES!A"

-NO PALCO-

MEUS VERSOS DE HOJE



-c.p.b.p.jr:(POETA-MATUTO-MARG!NAL !!!)


-NO PALCO-

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Último soneto

Que rosas fugitivas foste ali:
Requeriam-te os tapetes – e vieste...
– Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste –
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço –
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa ? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...

Paris - dezembro 1915



Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos

-NO PALCO-

terça-feira, 10 de agosto de 2010



Olha teu jardim, as respostas estão lá...

– disse-me uma flor de amarelada certeza.

Olhei... E meu olhar respirou o orvalho de perguntas no ar...

Embora eu olhasse com firmeza.

(Ane Montarroyos)


-NO PALCO-

A CURA

Oh! cura cruel.
Me curaste neste mundo,
Fizeste-me saudável aos olhos
Agora sou bem quisto.

Curaste meus olhos para ver toda iniquidade.
Curaste meu corpo para causardes inveja
Aos seres de alma suja,
Aos seres de temas séticos.
Curas para exibir carne aos bois Pops
Aos bois Stars...

Cura, tu és sensacionalista.
Tu és iminentemente perecível.
Enganas a todos com tua transitóriedade
Oferecendo-lhes desejos e prazeres.

Tornaste-me o centro de tudo,
Me deste o mundo que não se precisa.
Minha pele não morre mais
Não conheço as almas, daqui eu não saio mais,
E só conheço pessoas como eu...

Oh! cura cruel.
Curaste-me meu corpo meu bel-prazer
Mas adoeceste minha alma.

-NO PALCO-

domingo, 8 de agosto de 2010

XIV


É difícil ser poeta
Se aqui não sei fingir
Por nos olhos brancas névoas
E não ver só por sentir.

Quando algo me angustia
Guardo o lenço que umedeço
E o verso se alumia
Lá do fundo do meu peito.

Quando a tinta se espalha
E não sabe se errou
Perdoa-se qualquer falha
Se a cantiga for de amor.

Senti na mão tremer soluço
Porque Razão se ausentou
Vês meus olhos? Estão enxutos,
Minha caneta é que chorou.

(Milena Karina)

-NO PALCO-

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Especulações em torno da palavra homem

Mas que coisa é homem,
que há sob o nome:
uma geografia?

um ser metafísico?
uma fábula sem
signo que a desmonte?

Como pode o homem
sentir-se a si mesmo,
quando o mundo some?

Como vai o homem
junto de outro homem,
sem perder o nome?

E não perde o nome
e o sal que ele come
nada lhe acrescenta

nem lhe subtrai
da doação do pai?
Como se faz um homem?

Apenas deitar,
copular, à espera
de que do abdômen

brote a flor do homem?
Como se fazer
a si mesmo, antes

de fazer o homem?
Fabricar o pai
e o pai e outro pai

e um pai mais remoto
que o primeiro homem?
Quanto vale o homem?

Menos, mais que o peso?
Hoje mais que ontem?
Vale menos, velho?

Vale menos morto?
Menos um que outro,
se o valor do homem

é medida de homem?
Como morre o homem,
como começa a?

Sua morte é fome
que a si mesma come?
Morre a cada passo?

Quando dorme, morre?
Quando morre, morre?
A morte do homem

consemelha a goma
que ele masca, ponche
que ele sorve, sono

que ele brinca, incerto
de estar perto, longe?
Morre, sonha o homem?

Por que morre o homem?
Campeia outra forma
de existir sem vida?

Fareja outra vida
não já repetida,
em doido horizonte?

Indaga outro homem?
Por que morte e homem
andam de mãos dadas

e são tão engraçadas
as horas do homem?
mas que coisa é homem?

Tem medo de morte,
mata-se, sem medo?
Ou medo é que o mata

com punhal de prata,
laço de gravata,
pulo sobre a ponte?

Por que vive o homem?
Quem o força a isso,
prisioneiro insonte?

Como vive o homem,
se é certo que vive?
Que oculta na fronte?

E por que não conta
seu todo segredo
mesmo em tom esconso?

Por que mente o homem?
mente mente mente
desesperadamente?

Por que não se cala,
se a mentira fala,
em tudo que sente?

Por que chora o homem?
Que choro compensa
o mal de ser homem?

Mas que dor é homem?
Homem como pode
descobrir que dói?

Há alma no homem?
E quem pôs na alma
algo que a destrói?

Como sabe o homem
o que é sua alma
e o que é alma anônima?

Para que serve o homem?
para estrumar flores,
para tecer contos?

Para servir o homem?
Para criar Deus?
Sabe Deus do homem?

E sabe o demônio?
Como quer o homem
ser destino, fonte?

Que milagre é o homem?
Que sonho, que sombra?
Mas existe o homem?

Poesia Completa de Carlos Drummond de Andrade.

-NO PALCO-

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Encômio (etc. & tal..)

vivapoesia


quinta-feira, 5 de agosto de 2010
encômio (etc. & tal..)

ONDE E Q TA A V!DA
QUANDO EU NAO CONSS!GO
RESP!RAR. . .

ONDE E Q TA O AMOR
QUANDO EU NAO CONSS!GO
AMAR. . .

NAO SE! NAO
SOL SE!
Q, CACHORROS
QUEREM
ME MORDER,
MOTOC!CLETAS
TENTAM
ME ATROPELAR
Y JA NAO SE! MA!S
QUEM EU MESMO SOU
O Q E O MUNDO
ONDE ESTOU
ETC Y TAL...

ESCAPE! D'M ASSALTO,
SOFR! 1 ATENTADO.
LEVE! 4 T!ROS,
ERA REVOLVER DE ESPOLETA,
-NAO BANQUE O ESPERTO,
-HORAS BOLAS, SEU PALHAÇO !

ESTOU H!PERTENSSO,
PREC!SO VOLTAR A CAM!NHAR,
O CHEQUE FORA DEVOLV!DO,
O ALUGUEL CONT!NUA ATRAZADO,
M!NHA MAE SOFREU 1 ENFARTE,
MEU F!LHOP FO! PEGO CXOM DROGAS,
M!NHA EX-MULHER FUG!RA COM A ESPOSA
D'M AM!GO MEU,
ESTOU DESENGANADO COM A POL!T!CA,
JA PARE! ATE DE FUMAR,
CONT!NUO PERDENDO D!NHE!RO NO JOGO
DO B!XO,
TO DESEMPREGADO , Y 100 SONHAR,
ACHO Q CONT!NUO SENDO "BRAS!LE!RO".
ETC Y TAL...

-c.p.b.b.p.jr:(POETA-MATUTO-MARG!NAL !!!)
III/IV-VIII-MMX
Postado por "V!VAPOES!A"

-NO PALCO-

terça-feira, 3 de agosto de 2010

-NO PALCO-

Peguem!
Peguem tudo!
Destilem, engarrafem
Ponham mais limão
(se possível)
E me deem um trago!

(Wagner 'Mopho')

domingo, 1 de agosto de 2010

Recital tem muito disso!


BREVE!

-NO PALCO-

D. Everson, Fred Caju, Ane Montarroyos e eu , em breve, disponíveis para download aqui mesmo e nos http://poetasdemarte.blogspot.com/2010/08/em-breve.html, http://cronisias.blogspot.com/2010/08/em-breve.html com o e-book OS TEIMOSOS & A POESIA DO CONTRA.


A LIBÉLULA E A LÂMPADA INCANDESCENTE

Ser teimoso é qualquer coisa de lâmpada,
Sem produzir luz ou sacudir as âncoras.
Ser teimoso é navegar na cruz da ânsia.

(D. Everson)



SONHOS DE MENINO

Os sonhos
de menino
são fluidos
como
as ondas
do mar.
Ele,
homem
tardio e
perdido,
segue no azul
seu destino
como alguém
que caminha
entre
o oceano
e o céu
em busca
dos sonhos
de menino.

(Ane Montarroyos)


A DESENFREADA HEMORRAGIA DA EXISTÊNCIA

Sangra, querida Sandra,
e provas que tens vida;
mancha-me de vermelho.
Sandra, sangra querida,
lava teu sofrimento
pelo útero também,
querida Sandra, sangra
ao filho que não vem.

(Fred Caju)


''PORTAS E PORTÕES

Do outro lado
Teimei
Abri o portão
Escorreguei das nuvens
Desci no horizonte
Quebrei todos os dentes
E os dedos
Parei lá em ‘caixa-prego’
Passei a fabricar portas
Agora todos querem uma saída.''

Marcone Santos (Jimmy)


-QUEBRE A PERNA-