domingo, 27 de fevereiro de 2011

III

Sentimento inconsolável!

Como te chamas?

És invulnerável?

Não tens fraqueza alguma?


Tua franqueza incontrolável,

Deixa-me em chamas,

Isto é inegável.

Que não se resuma


A um sono compenetrável

Que tanto aclamas

Pra ver-me insondável

Como se eu fosse espuma


De um mar, ou distancia imensurável,

Que ao peito conclamas

Sem pensar, inexplicável

Ao coração, que não se acostuma.


Uma prévia do e-book (''alma e metáfora ânfora secreta'') *Dedicado a Daiane Rebelo.


-NO PALCO-

Bloco do Eu Sozinho-Carnaval de Bezerros

Está sozinho neste carnaval?

Seja diferente no meio de tanta gente

É por alegria que daremos esse aval.

Sensibilizar-se, folia, e ser irreverente!


Não se cale, não se iluda na multidão,

seja festa, cultura, discurso ou briga!

Faça de sua mente e saliva uma resolução

para problemas sociais que nos obriga


a estarmos nas ruas e avenidas discordando

do cenário tosco coberto com fantasia!

Mesmo nos anais da folia vamos andando

retirando do povo sua hipocrisia,


narrando no sexto ano de inspiração

a marca de um bloco que não se via!

Nas palmas e pernas, atos de folião,

a velha chaga o sumo da alegria


com consciência nobre nos atos

antes sozinho do que mal acompanhado

somando um pouco dos que estão fartos

para aqueles que nada tem só o fardo.


Permita que sua diversão se torne

um pedaço daquilo que nada custa

e nunca esqueça e nem se conforme

lute sempre por uma causa justa!


Está sozinho neste carnaval?

Seja diferente no meio de tanta gente

É por alegria que daremos este aval.

Sensibilizar-se, folia, e ser irreverente!


sábado, 26 de fevereiro de 2011

CAP - Centro de Artesanato de Pernambuco




O Centro de Artesanato de Pernambuco – Bezerros vem comunicar que no dia 01
do mês de março do ano de 2011 acontecerá a inauguração da exposição “O MOVIMENTO ARMORIAL”de autoria de
Géber Romano Accioly.

"Mas
como, ainda assim, reclamassem que, depois de tantas exposições, ninguém sabia
ainda, por falta de uma definição, o que era um quadro armorial, escrevi em 11
de dezembro de 1973, a
propósito da primeira exposição de Géber Accioly, as seguintes palavras:
Diferentemente de acusações que nos fazem, somos perfeitamente capazes de
definir as características da Pintura Armorial
"... "Desenho tosco e forte, quase sempre
contornado, como herança da pintura popular; semelhança com os brasões,
bandeiras e estandartes dos espetáculos populares nordestinos
".
(ARIANO
SUASSUNA in O Movimento Armorial, Ed. Universitária – UFPE, 1974).


De terça a sábado das 9h às 18h
Domingos e feriados das 9h às 13h
centrodeartesanato@hotmail.com
(81) 3728.6650

-NO PALCO-

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

OFICINA DE CRIAÇÃO DE MÁSCARA MODELADA NO ROSTO



Turma
única: Sábado 26.02 (14h às 18h) e

Domingo 27.02 (09h às12h – 14h às
18h)

Vagas: 16
pessoas (a oficina é indicada para pessoas a partir dos 12 anos)

Inscrições:
22.02 a 25.02 pelo fone: 3728.6650

Investimento:
R$ 20,00 (por participante)

Professor:
Kiko Gouveia (Artes Cênicas – UFPE)

Realização: Centro de Artesanato de
Pernambuco

Soneto de Fidelidade



De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinícius de Moraes)

-NO PALCO-

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Considerações acerca do que foi, do que é, e...do Carnaval que nunca vai mudar.



No Brasil (graças a deus), se aproximam as festividades de Momo. Ora é justamente em tão abençoada época que os ânimos entram em ebulição, contam-se nos dedos os jovens que não manifestam um empenho como que extracorpóreo em se misturar a turba hílare que pulula. Quanto aqueles, cujo acumulo dos dias não permite acompanhar a efervescência juvenil, dão vivas a saudade do seu tempo de viço momesco. Com exceção de alguns credos (que encerram em si suas próprias práticas carnavalescas) todo o país se mobiliza em função do tão amado carnaval. Mas deixemos um pouco de lado o carnaval, que foi lembrado aqui, apenas para nunca ser esquecido. Pois bem, avaliemos a questão das instabilidades sociais no Brasil e a respectiva reação da juventude (o que seria como mudar o rumo da conversa de cúelhos* para bigodes de índio) e tracemos um paralelo entre essa questão e os recentes acontecimentos em países do Oriente. As manifestações que ora se sucedem nesses países, o Brasil já as viveu.

A questão que desejo edificar aqui (e para tanto não me abstenho de dar o devido desconto as possíveis falhas de analogia, ao comparar uma manifestação cultural a um movimento de insatisfação social) é: Porque a juventude brasileira, outrora tão combativa, está em apatia em relação aos acontecimentos políticos e econômicos que permeiam seu presente, e que terão sérias conseqüências em seu futuro? Faço esse questionamento, não na intenção de elitizar a parcela da mocidade que de fato ainda guarda a consciência de causa e efeito dos atos estatais, principalmente no que tange a juventude, muito menos na querência de diminuir aqueles que por direito não manifestam interesse por tão pouco convidativos capítulos de nossa recente historia. Questiono sim, em meio a devaneios de pretensiosas pretensões, para entender porque em países do Oriente cuja tradição de opressão data dos tempos de antanho, a parcela jovem da população, principalmente os estudantes universitários, está de forma efetiva a abalar os alicerces dos sustentáculos das abstrações do poder que oprimem seu povo, mesmo sendo os combatentes nascidos e educados em um ambiente, onde a simples contestação causa as mais terríveis conseqüências, estes estão oferecendo o peito e a alma em prol de um único ideal: Democracia. Por que então, em um país como o nosso que conquistou com sangue suor e lágrimas suas liberdades democráticas, a indiferença corrói nossos jovens quando o assunto é a realidade presente e futura do sistema político-econômico do país?

É certo que aqui não tento comparar os países do Oriente cujo fato democrático a muito é tido como utópico, com o nosso, que goza de uma democracia já um tanto quanto madura, e de sólido alicerce. Não é essa a idéia, é antes sim, fomentar a dúvida do motivo pelo qual no Brasil multidões juvenis em euforia só se encontram unidas em prol de uma crescente cultura de utilidade e gosto duvidáveis ( não me refiro ao carnaval, deus me livre!! ) e aqui faço juízo de valor. Tomei de modelo no início do texto o carnaval como ilustração e não como exemplo de inutilidade jamais me referiria a tão portentosa manifestação da cultura de um povo como inútil. Refiro-me a uma cultura de massa e fugaz, que é capaz de mobilizar multidões e nutrir um comercio bastante lucrativo que não sustenta outra intenção, que não alienar mais e mais para lucrar mais e mais.

Cada geração tem suas manifestações, compreende-se então, que essa geração reflete os movimentos evolutivos da sociedade, por esse motivo, não é “boa” nem “má”, é apenas reflexo da sociedade globalizada (no caso da geração atual) e como tal é manifestação histórica de um mundo guiado pela lógica do capital. Concluo que os tempos idos de luta no Brasil refletiram também um momento histórico, e que este, não deve ser lembrado com nostalgia somente pelo fato da nova geração não estar afinada com aquela. A juventude de hoje é a juventude do Brasil, assim como aquela prole aguerrida de outrora também o era, nada além do momento histórico as separa. Não há porque se diminuir uma pela grandeza da outra ou acrescentar aquela o que falha nessa, há sim, que se viver o tempo histórico e deixar que a própria historia faça “justiça” no porvir ( e fará (já está fazendo) ). E por falar em tempo lembro-me que é tempo de carnaval, portanto não há tempo pra mais nada. Com licença!!

Wagner (Mopho)

-NO PALCO-

*Pêlos da região do períneo

A ÁRVORE DA SERRA


- As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minha'alma!...

- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!


(Augusto dos Anjos)

-NO PALCO-

DESLUMBRAMENTOS




Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.

Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes complicadas!...

Em si tudo me atrai como um tesouro:
O seu ar pensativo e senhoril,
A sua voz que tem um timbre de ouro
E o seu nevado e lúcido perfil!

Ah! Como me estonteia e me fascina...
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!...

Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!

O seu olhar possui, num jogo ardente,
Um arcanjo e um demônio a iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pêlo dum regalo!

Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana de Áustria mostrava aos cortesãos.

E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como um brilhante.

Mas cuidado, mi1ady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais;
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.

E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
Eu hei-de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos - as rainhas!


(Cesário Verde)

-NO PALCO-

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A tristeza retornará (quando eu te beijar e não encontrar mais nada de mim dentro de você)




Quando fechares a porta

Nada me restará nem sequer o vazio

E numa planície infinda minh’alma morta

E meu corpo demente, mendigo, em completo desvario.

Quando fechares a porta

E eu não puder mais entrar em teu peito

Sentirei da morte a lamina torta

Banhada com meu sangue iluminada pelo feito.

Quando fechares a porta

Dentro de mim abrirá um abismo

Sentirei o peso de tudo que corta

E um tremendo e pavoroso sofismo.

Quando fechares a porta

Meus dentes e língua haverão sumido

A lembrança que fui, infinitamente absorta

Perdido num mundo que jamais haverá existido.

-NO PALCO-

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)






DOIS EXCERTOS DE ODES
(FINS DE DUAS ODES, NATURALMENTE)

I
....................................................................

Vem, Noite antiquíssima e idêntica.
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faz da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde-escuro ao longe,
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer.

Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter connosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem e embala-nos,
Vem e afaga-nos.
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.

Vem soleníssima,
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo,
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados.
Mão fresca sobre a testa em febre dos Humildes.
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo de angústia e de inutilidade
Onde vicejo.
Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido,
Folha a folha lê em mim não sei que sina
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso e fresco.
Uma folha de mim lança para o Norte,
Onde estão as cidades de Hoje que eu tanto amei;
Outra folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,
Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, sintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos,
Ao Oriente onde – quem sabe? – Cristo talvez ainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realmente e mandando tudo...

Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
Ó domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!

Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e Júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso e inútil.

Vem, Noite silenciosa e extática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...
Serenamente como uma brisa na tarde leve,
Tranquilamente com um gesto materno afagando.
Com as estrelas luzindo nas tuas mãos
E a lua máscara misteriosa sobre a tua face.
Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém te vê entrar.
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem,

A lua começa a ser real.


II

Ah, o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas grandes cidades

E a mão de mistério que abafa o bulício,
E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe
Para uma sensação exacta e precisa e activa da Vida!
Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios
E que misterioso o fundo unânime das ruas,
Das ruas ao cair da noite, ó Cesário&Verde, ó Mestre,
Ó do «Sentimento&de&um&Ocidental»!

Que inquietação profunda, que desejo de outras coisas,
Que nem são países, nem momentos, nem vidas,
Que desejo talvez de outros modos de estados de alma
Humedece interiormente o instante lento e longínquo!

Um horror sonâmbulo entre luzes que se acendem,
Um pavor terno e líquido, encostado às esquinas
Como um mendigo de sensações impossíveis
Que não sabe quem lhas possa dar...

Quando eu morrer,
Quando me for, ignobilmente, como toda a gente,
Por aquele caminho cuja ideia se não pode encarar de frente,
Por aquela porta a que, se pudéssemos assomar, não assomaríamos,
Para aquele porto que o capitão do Navio não conhece,
Seja por esta hora condigna dos tédios que tive,
Por este hora mística e espiritual e antiquíssima,
Por esta hora em que talvez, há muito mais tempo do que parece,
Platão sonhando viu a ideia de Deus
Esculpir corpo e existência nitidamente plausível
Dentro do seu pensamento exteriorizado como um campo.

Seja por esta hora que me leveis a enterrar,
Por esta hora que eu não sei como viver,
Em que não sei que sensações ter ou fingir que tenho,
Por esta hora cuja misericórdia é torturada e excessiva,
Cujas sombras vêm de qualquer outra coisa que não as coisas,
Cuja passagem não roça vestes no chão da Vida Sensível
Nem deixa perfume nos caminhos do Olhar.

Cruza as mãos sobre o joelho, ó companheira que eu não tenho nem quero ter.
Cruza as mãos sobre o joelho e olha-me em silêncio
A esta hora em que eu não posso ver que tu me olhas,
Olha-me em silêncio e em segredo e pergunto a ti própria
– Tu que me conheces – quem eu sou...

-NO PALCO-

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Life By The Drop



Hello there my old friend
Not so long ago it was till the end
We played outside in the pourin' rain
On our way up the road we started over again

You're livin' out dreams of you on top
My mind is achin' oh lord it wont stop
Thats how it happened livin' life by the drop

Up and down the road in our worn out shoes
Talkin' 'bout good things and singin' the blues
You went your way and I stayed behind
We both knew it was just a matter or time

You're livin' out dreams of you on top
My mind is achin' oh lord it wont stop
Thats how it happened life by the drop

No waste of time we're allowed today
Churnin' up the past, there's no easier way
Times been between us,a means to a end
God its good to be here walkin' together my friend

Livin' our dreams
My mind stoped achin'
Thats how it happened livin' life by the drop.

(Stevie Ray Vaughan)

*tradução

Vida Pela Queda

Olá meu velho amigo
Há não muito tempo atrás isso iria té o fim
Nós brincamos lá fora no cair da chuva
No nosso caminho sobre a estrada nós começamos tudo de novo

Você está vivendo fora dos sonhos onde você está no topo
Minha mente está doendo, oh senhor isso não vai parar
Isso é o que acontece quando se vive pela queda

Em cima e em baixo da estrada nos nossos sapatos desgastados
Falando sobre coisas boas e cantando blues
Você seguiu o seu caminho e eu fiquei para trás
Nós dois sabiamos que era apenas uma questão de tempo

Você está vivendo fora dos sonhos onde você está no topo
Minha mente está doendo, oh senhor isso não vai parar
Isso é o que acontece quando se vive pela queda

Não gaste o tempo qué é permitido hoje
Trazer de volta o passado, não é o caminho mais fácil
Tempos passaram entre nós, um meio para o fim
Deus, é tão bom estar aqui andando junto com meu amigo

Vivendo seus sonhos
Minha mente parou de doer
Isso é o que acontece quando se vive pela queda.

-NO PALCO-

A MINHA ESTRELA



Eu disse - Vai-te, estrela do Passado!
Esconde-te no Azul da Imensidade,
Lá onde nunca chegue esta saudade,
- A sombra deste afeto estiolado.

Disse, e a estrela foi p'ra o Céu subindo,
Minh'alma que de longe a acompanhava,
Viu o adeus que ela do Céu enviava,
E quando ela no Azul foi se sumindo

Surgia a Aurora - a mágica princesa!
E eu vi o Sol do Céu iluminando
A Catedral da Grande Natureza.

Mas a noute chegou, triste, com ela
Negras sombras também foram chegando,
E eu nunca mais vi a minha estrela!

Augusto dos Anjos


-NO PALCO-

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Desde que cante o amor docemente
A nenhum lugar irá solitário
Itinerário que seja
Alegria e saúde oferece
Na sua venturosa batalha
Entre dias e desoras.

Retribuição de tanto esmero
Elixir é doado
Banhando com o infinito
Esses que estão
Longe de serem ergástulos
Onde retumbam a vida.

Jimmy(Marcone)

-NO PALCO-



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

“Mas a filosofia Hoje me auxilia A viver indiferente assim.” (Noel Rosa)


Por: Célio limA.

No outro artigo eu citei o nome de alguns filósofos brasileiro... Noto a falta de acesso no sentido de indicação por parte dos incentivadores acadêmicos ou dos atuais representantes das academias ou dos meios culturais e de comunicação. Alguns leitores desta coluna me relataram a dificuldade que gira em torno do nosso (produto) conhecimento intelectual, outros me confidenciaram que dos pensadores que os citei, só tiveram conhecimento a obra do Raul Seixas...

Já era o que eu previra quando topei essa empreitada. Provar que a nossa própria filosofia é desconhecida por nós e descartada nos ambientes acadêmicos e intelectuais. O que nos salvam e nos salvarão “dessas trevas” é por assim dizer a filosofia popular, encontrada por exemplo na obra do musico baiano: Raul Seixas,

citações e ideias de toda a parte da filosofia universal.

Quero dizer que não defendo a idéia de um pensamento bairrista (nacionalista etc.) quero apenas que o nosso povo tenha acesso ao que é universal de forma importada tanto quanto ao que fora feito e descoberto pelos nossos próprios conterrâneos. O que chamo de uma “Filosofia Popular” é a forma de como você passar a mensagem levando o conhecimento de uma forma fácil, simples ou acessiva ao Ser inculto: como aquele bom papo na mesa de bar que muita das vezes clareia nossa escuridão. Um dos filosofo que eu o considero popular é o Nietzsche. Não que ele seja assim por dizer fácil, mas sim por ele ser um pensador utilizado por todos em qualquer camada social e por ele não ser um filosofo “meio-termo”, ou você o ama ou o odeia. E que mesmo não gostando ou não concorde com ele, Você entende e não nega a força da sua obra.

O que eu quero frisar é que as nossas faculdades hoje não passam de meras escolas muita das vezes tecnocratas ou até tecnofacistas. O nosso modelo de educação é o de levar mão de obra para o mercado. Animais para o abate. E não passam o que seria de fato o essencial: o conhecimento.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sociedade dos roqueiros mortos aos 27 anos

.


"Forever 27" é um nome popular para um certo grupo de músicos do rock/blues que morreram aos 27 anos de idade, alguns em circunstâncias misteriosas. É o que diz a Wikipédia, e eu fiquei sabendo disso através de uma notícia que tratava de uma exposição fotográfica sobre estes Forever 27 club, em Londres, que abriu na última quinta e vai até 9 de novembro deste ano.

A exposição foca nos cinco mais famosos integrantes do seleto clube: Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain, todos mortos em ocasiões suspeitas envolvendo drogas que até hoje levantam as mais mirabolantes teorias, conspiratórias ou não - vide o filme Stoned, que trata de uma versão alternativa da morte do guitarrista do Rolling Stones Brian Jones, o verbete da wikipédia Death of Kurt Cobain, que compila várias das versões da morte do líder do Nirvana, e o livroThe End, que detalha a morte do Jim Morrison.

Os preços das imagens - módicos, é claro - variam entre 325 a 950 libras, segundo o site da galeria Galeria Proud Camden, onde estão sendo expostas as fotos.

Aqui abaixo, algumas das fotos da exposição. Para ver todas, só passando lá mesmo.


Janis Joplin, por Jill Gibson.


"Kurt in Dress", por Steve Double.


Hendrix, por Jim Wiseman


Jim Morrison em show no Hunter College, NYC, 1968. Por Elliot Landy.


Brian Jones, por Philip Townsend


PS: O Times, um dos melhores jornais da Inglaterra, buscou em seus arquivos e disponibilizou na íntegra, e de grátis, o obituário de Janis Joplin, Jim Morrison e Brian Jones, tal como eles saíram nas páginas do jornal impresso. Documentos históricos interessantíssimos para dar uma olhada.
-NO PALCO-
''Com o crescimento, a adaptação é completa, não apenas no nível fisiológico, como também no nível ideológico ou mental.''

(...)


    "A carne é o alimento de certos animais. Todavia, nem todos, pois os cavalos, os bois e os elefantes se alimentam de ervas. Só os que têm índole bravia e feroz, os tigres e os leões, etc. , podem saciar-se em sangue. Que horror é engordar um corpo com outro corpo, viver da morte dos seres vivos."

    (Pitágoras)
-no palco-

ARROJOS



Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.

Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos mignonnes e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.

Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos noturnos.

Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.

Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.

Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.

Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.

E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria
As mesas espelhentas do Martinho.

(Cesário Verde)

-NO PALCO-

DOLÊNCIAS (eu fui cadáver)


Eu fui cadáver, antes de viver!
Meu corpo, assim como o de Jesus Cristo,
Sofreu o que olhos de homem não têm visto
E olhos de fera não puderam ver!

Acostumei-me, assim, pois, a sofrer
E acostumado a assim sofrer existo...
Existo! - E apesar disto, apesar disto
Inda cadáver hei também de ser!

Quando eu morrer de novo, amigos, quando
Eu, de saudades me despedaçando
De novo, triste e sem cantar, morrer,

Nada se altere em sua marcha infinda
- O tamarindo reverdeça ainda,
A lua continue sempre a nascer!

''Augusto dos Anjos''

-NO PALCO-

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Divina Comédia


Deixai toda esperança,
ó vós que entrais!

Inferno, Canto III, 9

Canto I

A selva escura - As feras - O espírito de Virgílio

Quando eu me encontrava na metade do caminho de nossa vida, me vi perdido em uma selva escura, e a minha vida não mais seguia o caminho certo. Ah, como é difícil descrevê-la! Aquela selva era tão selvagem, cruel, amarga, que a sua simples lembrança me traz de volta o medo. Creio que nem mesmo a morte poderia ser tão terrível. Mas, para que eu possa falar do bem que dali resultou, terei antes que falar de outras coisas, que do bem, passam longe.

Eu não sei como fui parar naquele lugar sombrio. Sonolento como eu estava, devo ter cochilado e por isso me afastei da via verdadeira. Mas, ao chegar ao pé de um monte onde começava a selva que se estendia vale abaixo, olhei para cima e vi aquela ladeira coberta com os primeiros raios do sol. A cena trouxe luz à minha vida, afastou de vez o medo e me deu novas esperanças. Decidi então subir aquele monte. Olhei para trás uma última vez, para aquela selva que nunca deixara uma alma viva escapar, descansei um pouco, e depois, iniciei a escalada.

Dante perdido na selva escura.
Ilustração de Gustave Doré (séc XIX).

Eu havia dado poucos passos, quando, de repente, saltou à minha frente um ágil e alegre leopardo. Astuto, de pêlos manchados, de todas as formas ele impedia que eu seguisse adiante. Não adiantava desviar ou buscar um outro caminho pois no final, ele sempre estava lá, bloqueando a minha passagem. Várias vezes tentei vencê-lo. Várias vezes falhei.

O dia já raiava e o sol nascia com aquelas mesmas estrelas que acompanharam o mundo no seu primeiro dia. A luz e a claridade daquele dia especial renovaram minhas esperanças, e me fizeram acreditar que iria conseguir vencer aquela fera malhada.

Mas a minha esperança durou pouco e o medo retornou quando vi surgir, diante de mim, um leão. Ele parecia avançar na minha direção, com a cabeça erguida, tão faminto e raivoso que até o próprio ar parecia temê-lo. E depois veio uma loba, magra e cobiçosa, cuja visão tornou minha alma tão pesada, pelo medo que me possuiu, que não vi mais esperança alguma na escalada. A loba avançava, lentamente, e me fazia descer, me empurrando de volta para aquele lugar onde a luz do Sol não entra.

Quando eu já me encontrava na beira daquele vale escuro, meus olhos aos poucos perceberam um vulto que se aproximava, que apagado estivera, talvez por excessivo silêncio.

- Tenha piedade de mim - gritei ao vê-lo - quem quer que sejas, sombra ou homem vivo!

- Homem não mais - respondeu o vulto -, homem eu fui um dia. Nasci em Mântua, nos tempos de Júlio César e vivi em Roma no império de Augusto. Fui poeta e narrei a odisséia de Enéas, que fugiu de Tróia depois do incêndio. E tu, por que não sobes o precioso monte, princípio e causa de toda glória?

- Tu és Virgílio? - perguntei, vergonhoso - Ora, tu és meu mestre e meu autor predileto! Foi contigo que aprendi o belo estilo poético que me deu louvor. Eu não subi o monte por causa dessa fera. Ela me faz tremer os pulsos. Ajuda-me, sábio famoso! Ajuda-me a enfrentá-la!

- A ti convém seguir outra viagem - respondeu o poeta, ao me ver lacrimejando - pois essa fera, essa loba, é a mais feroz e insaciável de todas. Ela só partirá quando finalmente vier oLebreiro que para ela será a dura morte. Ele não se alimentará nem de dinheiro, nem de terras; só a sua sabedoria, amor e virtude poderão nutri-lo. Ele virá para salvar a tua Itália caída. Ele irá caçar essa fera em todas as cidades até encontrá-la, quando então a matará e a conduzirá de volta ao inferno, de onde a Inveja, primeiro a trouxe para este mundo.

Depois, me fez uma proposta:

- Eu acho melhor, para teu bem, que me sigas. Eu serei o teu guia. Te levarei para um lugar eterno onde verás condenados gritando, em vão, por uma segunda chance. Depois verás outros que sofrem contentes no fogo, pois têm esperança de um dia seguir ao encontro daquela gente abençoada. E depois, se quiseres subir ao céu, lá terás alma mais digna do que eu, pois o imperador daquele reino me nega a entrada, pois à sua lei eu fui rebelde.

- Poeta - respondi -, eu te imploro, em nome desse Deus que não conheceste, que me ajudes a fugir deste mal ou de outro pior. Eu te seguirei a esses lugares que descreveste. Que eu possa ver a porta de São Pedro e os tristes sofredores dos quais falaste!

Ele então moveu-se, e eu o acompanhei.

-NO PALCO-